Radar LEMA – 14.05.2024

Ata do Copom destaca cenário macroeconômico global e atividade doméstica

O Banco Central divulgou, nesta terça-feira (14), a Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando reduziu a taxa Selic em 0,25 p.p., para 10,50% a.a., em decisão dividida. O Copom deixou em aberto quais serão seus próximos movimentos.

A Ata destaca o cenário externo adverso, principalmente no que diz respeito ao esforço das autoridades monetárias para convergir a inflação às respectivas metas e às incertezas relacionadas ao ciclo de juros nos Estados Unidos. Já no cenário doméstico, o colegiado elencou como pontos de atenção a resiliência da atividade e a sustentação do consumo, “em contraste com o cenário de desaceleração gradual originalmente antecipado pelo Comitê”.

Além disso, os membros do Comitê deram ênfase a fatores que podem afetar negativamente os efeitos da política monetária, dificultando o trabalho do BC, como “o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública”. Podemos citar como exemplo a mudança da meta fiscal dos próximos anos, que ocorreu após a reunião de março.

O Comitê também abordou motivos que possivelmente influenciaram a recente desancoragem das expectativas de inflação, como:

I) a piora do cenário externo;

II) os recentes anúncios de política fiscal;

III) percepção de agentes econômicos acerca do compromisso da autoridade monetária com o atingimento da meta ao longo dos anos.

Apesar dos membros concluírem unanimemente sobre a necessidade de “uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa”, observamos um embate que dividiu o Comitê nesta última reunião. De um lado, a maioria (cinco membros) optou por corte de 0,25 p.p., argumentando que “o forward guidance indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava.” Com isso, deram maior ênfase a assegurar a credibilidade sobre manter o compromisso com o controle inflacionário, e não ao “eventual custo reputacional de não seguir um guidance”.

Por outro lado, os quatro membros que votaram pelo corte de 0,50 p.p. “discutiram se o cenário prospectivo divergiu significativamente do que era esperado a ponto de valer o custo reputacional de não seguir o guidance, o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”.

Dado que os quatro votos por corte de 0,50 p.p. foram de membros indicados pelo presidente Lula, a decisão dividida exemplifica incertezas existentes que preocupam uma parcela do mercado sobre as futuras decisões da autoridade monetária, haja vista que a partir do fim do ano o atual Governo terá maioria de indicados no Comitê.

Por fim, o Boletim Focus mais recente projeta IPCA em 3,76% para 2024 e 3,66% para 2025. Quanto à expectativa da taxa Selic, indica 9,75% e 9,00% para 2024 e 2025, respectivamente.

 

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