Resumo 2024

O ano de 2024 foi marcado por mudanças significativas no cenário econômico e político, tanto no Brasil quanto no exterior, refletindo desafios e ajustes importantes. No Brasil, o ambiente doméstico foi pautado pela resiliência da atividade econômica, mesmo diante de um quadro fiscal pressionado e de incertezas que impactaram a percepção de risco dos investidores. O mercado de trabalho apresentou melhora contínua, com quedas na taxa de desemprego e crescimento no rendimento real dos trabalhadores, sustentando o consumo e a atividade econômica ao longo do ano.

Por outro lado, o quadro fiscal se consolidou como o maior ponto de atenção. No primeiro semestre, as despesas cresceram em ritmo mais acelerado do que as receitas, elevando o risco soberano do país e exigindo uma política monetária mais restritiva. O governo federal enfrentou dificuldades para cumprir as metas estabelecidas pelo arcabouço fiscal, originalmente projetadas para zerar o déficit primário em 2024. Ao propor mudanças nessas metas, incluindo adiamentos no prazo para atingir superávits, o governo gerou reações negativas no mercado, que interpretou essas alterações como sinais de menor comprometimento com a sustentabilidade fiscal.

No segundo semestre, medidas para conter os gastos foram anunciadas, como cortes orçamentários e revisões de programas sociais, mas o impacto foi limitado. O pacote fiscal que fora divulgado em novembro, contemplando ajustes na faixa de isenção do Imposto de Renda e propostas de taxação de rendas mais altas, foi recebido com ceticismo, e as incertezas fiscais continuaram a pressionar os juros e a percepção de risco do país. A dívida pública, que se aproximou de 80% do PIB, foi impulsionada também pelo aumento dos custos de financiamento decorrente da implementação de uma política monetária contracionista e pela dificuldade de limitar o crescimento das despesas obrigatórias.

A inflação apresentou comportamento volátil ao longo do ano, com oscilações como a deflação de agosto e acelerações nos meses finais, especialmente devido às altas nos preços de alimentos e energia. Com isso, o IPCA deverá fechar o ano acima da meta do Conselho Monetário Nacional. O Banco Central voltou a elevar a taxa Selic e encerrou o ano em 12,25% a.a., destacando o compromisso com a convergência da inflação à meta, mesmo em um ambiente de desafios fiscais.

No cenário internacional, o Federal Reserve postergou cortes de juros no primeiro semestre, refletindo a resiliência da economia americana, sustentada por um mercado de trabalho aquecido e um consumo robusto. No segundo semestre, cortes graduais começaram a ocorrer, acompanhando o arrefecimento da inflação e uma menor pressão no mercado de trabalho. A eleição de Donald Trump em novembro trouxe otimismo a alguns setores do mercado, mas também intensificou tensões comerciais, particularmente com a China.

A zona do euro enfrentou um ambiente de recuperação econômica frágil. A inflação ficou mais controlada, permitindo ao Banco Central Europeu reduzir as taxas de juros ao longo do ano. No entanto, a atividade econômica permaneceu enfraquecida, com a indústria apresentando maiores dificuldades de retomada e o setor de serviços desempenhando papel central no crescimento modesto.

Na China, os desafios estruturais continuaram, especialmente no setor imobiliário. Apesar de estímulos econômicos, o crescimento foi moderado, com avanços no setor de alta tecnologia e no consumo em alguns momentos. As tensões comerciais com os Estados Unidos, intensificadas pela eleição de Trump, adicionaram incertezas ao cenário econômico do país.

Assim, 2024 encerrou-se com um panorama de grandes desafios, tanto no Brasil quanto no exterior. Enquanto o Brasil busca equilibrar responsabilidade fiscal e crescimento econômico, o cenário internacional será moldado pelas políticas monetárias e geopolíticas em um contexto de recuperação econômica incerta e persistentes tensões globais.

Em relação ao desempenho dos investimentos, na renda fixa nacional apenas ativos mais conservadores, como CDI (10,87%) e IRF-M 1 (9,46%), apresentaram desempenho em linha com a meta atuarial (IPCA + 5,25%). Índices de mais longa duration, por outro lado, apresentaram desempenho abaixo do esperado no ano, com destaque negativo para IMA-B 5+, IMA-B e IRF-M 1+, que caíram 8,63%, 2,44% e 1,81%, respectivamente.

Na renda variável, o Ibovespa sofreu durante o ano, sendo impactado negativamente por fatores macroeconômicos e aumento de aversão a risco de investidores, acumulando queda de 10,36% em 2024. O S&P 500, por outro lado, subiu 23,31%, sendo puxado por grandes empresas de tecnologia. Por fim, o Global BDRX apresentou forte alta de 70,59%, sendo impactado positivamente também pela alta expressiva do dólar no período.

Fonte: Quantum Axis. Elaboração: LEMA

ELABORAÇÃO

Felipe Mafuz

REVISÃO

Matheus Crisóstomo

EDIÇÃO

Tamyres Caminha

DISCLAMER

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