A chamada Super Quarta refere-se ao dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos anunciam suas decisões sobre as taxas de juros. Essas definições são acompanhadas de perto pelos mercados financeiros, pois influenciam diretamente as expectativas econômicas, os fluxos de capitais e as estratégias de investimento globais. Na primeira Super Quarta de 2025, os Bancos Centrais dos dois países adotaram posturas distintas em relação à condução da política monetária.
Nos Estados Unidos, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%, após três cortes consecutivos. A decisão, tomada por unanimidade, já era esperada pelo mercado, conforme indicava a ferramenta FedWatch da CME Group. Essa foi a primeira reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) após a posse de Donald Trump para seu segundo mandato, aumentando a atenção sobre o posicionamento do Fed diante das incertezas políticas e econômicas do país. O comunicado do banco central americano destacou que a economia segue em crescimento firme, com um mercado de trabalho equilibrado e inflação ainda um pouco elevada. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou que a autoridade monetária não tem pressa para realizar novos cortes de juros e que seguirá avaliando os próximos dados econômicos antes de tomar qualquer decisão.
Já no Brasil, o Copom optou por elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, marcando a quarta alta consecutiva da taxa básica de juros. A decisão, também unânime, já havia sido antecipada na reunião anterior, que sinalizou dois aumentos de mesma magnitude no início de 2025. O Banco Central ressaltou que o ambiente externo segue desafiador, com destaque para as incertezas na política econômica dos EUA, exigindo cautela dos países emergentes. No cenário doméstico, o colegiado apontou uma desancoragem adicional das expectativas de inflação, pressões no mercado de trabalho e resiliência na atividade econômica como fatores que justificam a postura mais contracionista. Com isso, o comunicado destacou que “o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”.
O contraste entre as decisões do Fed e do Copom evidencia a diferença nos desafios enfrentados pelas duas economias. Enquanto os Estados Unidos mantêm uma postura mais cautelosa, avaliando a resiliência do crescimento econômico e a trajetória da inflação, o Brasil precisa lidar com uma deterioração das expectativas inflacionárias e um cenário doméstico incerto, especialmente no que se refere ao quadro fiscal, o que exige uma política monetária mais rigorosa para garantir a estabilidade de preços.