Radar – 07.11.24

Donald Trump é eleito o 47º presidente dos Estados Unidos.

Em disputa acirrada e incerta até o momento da apuração, Donald Trump saiu vencedor do pleito e se torna presidente dos Estados Unidos, após conquistar mais de 270 cadeiras do Colégio Eleitoral. Antes mesmo da divulgação oficial, Trump discursou aos eleitores em agradecimento pela vitória.

As incertezas giravam em torno dos chamados swing states, que são estados onde o resultado das eleições é mais imprevisível e pode oscilar entre os democratas e republicanos. Com a vantagem do republicano em alguns desses “estados-chave”, como Geórgia, Pensilvânia e Wisconsin, a vitória de Trump foi confirmada. O presidente eleito deve tomar posse no dia 20 de janeiro de 2025, em Washington, DC.

Olhando para o campo econômico, as políticas propostas pelos dois candidatos contêm a possibilidade de piorar a situação fiscal do país, o que tem potencial para impactar os mercados. Enquanto Kamala se concentrava na expansão de programas sociais, indicando uma política fiscal expansionista, Trump focou em cortes de impostos, imposição de barreiras tarifárias e políticas de imigração.

Em um cenário de inflação ainda acima da meta de 2% (apesar de apresentar convergência a ela) e uma atividade econômica resiliente, uma política fiscal expansionista (conforme proposta pelos dois candidatos) pode causar efeitos deletérios para a economia do país. A tendência, caso as propostas sejam adotadas, é de crescimento do déficit, aumento do endividamento e consequente aumento do prêmio de risco, o que repercute a nível global. Nesse contexto, é possível analisarmos os impactos que a implementação dessas políticas pode causar na economia e nos mercados.

As políticas econômicas defendidas por Donald Trump priorizam cortes de impostos, desregulamentação, políticas de imigração mais rígidas e protecionismo comercial, com foco especial na China. Sua proposta de reduzir a alíquota de imposto corporativo e eliminar impostos sobre benefícios da Previdência Social visa estimular o consumo e pode impulsionar o mercado no curto prazo. Contudo, embora essas medidas possam aquecer a economia, há um risco de aumento no déficit público, o que gera incerteza fiscal e pressiona a dívida nacional.

Além disso, a política comercial protecionista proposta por Trump, com tarifas mais altas sobre produtos importados, especialmente chineses, busca fortalecer a competitividade da indústria americana, mas pode elevar os preços dos bens, dificultando o controle inflacionário. A agenda de Trump também prevê uma redução regulatória em setores estratégicos, como o energético e o financeiro, o que tende a beneficiar essas áreas no curto prazo e a estimular o crescimento econômico.

Trump também sinalizou a intenção de influenciar o Federal Reserve em suas decisões de juros, o que levanta preocupações sobre a independência do Fed e poderia gerar instabilidade nas expectativas quanto à condução da política monetária. Contudo, os mandatos escalonados do presidente da autoridade monetária e do país, além da necessidade de que mudanças nessa estrutura passarem pelo Congresso, são pontos que mitigam os riscos de interferência. Consideramos que o contexto continua sendo favorável para redução de juros pelo Fed no curto prazo, contudo, em caso de piora fiscal, a autoridade monetária pode mudar sua abordagem.

Apesar de algumas propostas contribuírem positivamente para o quadro fiscal (como uma possível revogação dos subsídios à energia limpa), a leitura geral indica uma projeção de aumento do déficit do país, principalmente por conta da expectativa de redução de tributação em diversas áreas. A implementação de políticas comerciais protecionistas, por sua vez, pode dar força ao dólar, que tende a se valorizar no curto prazo. Contudo, a alta da moeda pode pesar sobre exportações de setores que dependem de mercados internacionais.

Em relação à curva de juros, há tendência de abertura, uma vez que o possível aumento nos déficits fiscais pode levar a um prêmio de risco maior nos Treasuries. Este movimento tenderia a ampliar o diferencial de juros para prazos mais longos.

Outro fator de atenção diz respeito à inflação. Uma política de imigração mais restritiva (inclusive com “deportação em massa”) pode gerar efeitos adversos no mercado de trabalho, haja vista que uma redução da oferta de trabalhadores tende a pressionar ainda mais os salários em um momento em que o mercado está aquecido. O efeito dessa política, atrelada ao protecionismo comercial, pode gerar pressões inflacionárias e significar uma taxa de juros em patamar mais elevado, o que, por sua vez, tende a ser um fator de ganho de força para o dólar.

Em resumo, a vitória de Donald Trump, acompanhada pela liderança republicana no Senado e a possível maioria na Câmara, impulsionou expectativas de novos estímulos econômicos nos EUA. Em um primeiro momento, os mercados reagiram positivamente, com altas nos índices S&P 500 e NASDAQ, e ainda mais expressivas em índices de empresas de menor capitalização. O dólar se fortaleceu e os rendimentos dos Treasuries subiram.

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