Ata do Copom
O Banco Central do Brasil divulgou, nesta terça-feira (17), a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrida nos dias 10 e 11 de dezembro. Na ocasião, o colegiado decidiu, em unanimidade, pela elevação da taxa Selic em 1,00 p.p., para 12,25% a.a..
Em relação ao contexto externo, o Comitê avaliou que o cenário global permanece desafiador, com relevantes incertezas econômicas e geopolíticas, sobretudo acerca do ritmo de desinflação e desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos.
No que tange o cenário doméstico, o Copom argumentou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem surpreendido e permanece demonstrando dinamismo, com destaque para a queda da taxa de desemprego e para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou um hiato mais positivo. Contudo, o Comitê salientou que há elementos que sugerem uma desaceleração na atividade futura, como o maior aperto das condições financeiras.
O colegiado destacou que, apesar do vigente aperto monetário, o vigor na concessão de crédito em conjunto com um mercado de trabalho resiliente e uma política fiscal mais expansionista segue indicando um suporte ao consumo e, por conseguinte, à demanda agregada. Conforme o Comitê, os impulsos de crédito e fiscais estão mitigando os impactos da política monetária na atividade econômica.
O Comitê se debruçou também sobre os desafios relacionados ao cenário decorrente de uma taxa de câmbio mais depreciada e da elevação das curvas de juros nominal e real, ressaltando que a percepção dos agentes econômicos sobre o recente pacote fiscal afetou consideravelmente os preços de ativos e as expectativas dos agentes, sobretudo o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio.
O Copom avaliou que o cenário de inflação de curto prazo se deteriorou, com uma interrupção no processo desinflacionário e maior pressão inflacionária nas divulgações mais recentes, demandando uma política monetária ainda mais contracionista. As expectativas de inflação elevaram-se em todos os prazos, indicando desancoragem adicional, tornando a convergência da inflação à meta mais desafiadora. Para o Comitê, as projeções de inflação situam-se em 4,9% para o fechamento de 2024 e 4,5% para o encerramento de 2025.
O Copom destacou entre os riscos de alta “(i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.”
Entre os riscos de baixa, ressaltou “(i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.”
Por fim, o colegiado resolveu elevar a taxa Selic em 1,00 p.p., ressaltando que, em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, e que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da dinâmica da inflação, das projeções e das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.