Ata do Copom enfatiza a manutenção de novos cortes de meio ponto percentual na Selic nas próximas reuniões
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (6), a Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), concluída na última quarta-feira (31), quando reduziu a taxa Selic de 11,75% para 11,25% em decisão unânime. O Copom reiterou a indicação de que pretende diminuir a Selic em meio ponto percentual nas próximas reuniões, caso a situação econômica se confirme.
Entre os pontos destacados na Ata, merece destaque a elaboração de cenários altistas e baixistas. O Comitê ressalta que, em suas perspectivas para a inflação, persistem fatores de risco em ambas as direções. “Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.” Por outro lado, dentre os fatores de baixa destacam-se: “i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.”
Além disso, o Copom enfatizou a possibilidade de que uma desaceleração mais forte da economia mundial e os efeitos do aumento dos juros possam contribuir positivamente para a queda mais rápida da inflação. No entanto, os diretores consideram que a desaceleração da atividade econômica brasileira pode ser atenuada nos próximos meses devido ao aumento da renda das famílias, refletindo o período de bonança do mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda que vêm sendo realizadas pelo Governo Federal.
Adicionalmente, o Comitê realizou uma análise abrangente sobre a situação da economia internacional. Na visão dos diretores, o ambiente externo está mais volátil, com tensões geopolíticas e impactos sobre o valor dos fretes, além de apontamentos acerca do início do processo de redução dos juros por importantes economias. No entanto, não há uma “relação mecânica” entre o início do corte de juros nos EUA e uma possível aceleração dos cortes da Selic internamente, afirmou o Copom.
Nesse sentido, a autoridade monetária destacou que “diante da volatilidade recente e da incerteza à frente no cenário internacional, o Comitê manteve a avaliação de que é apropriado adotar uma postura de cautela, principalmente em países emergentes.”
Outro ponto de preocupação exposto pelo Copom está relacionado ao aumento do crédito “direcionado”, que por possuir taxas de juros mais baixas, podem diminuir os efeitos da política monetária ao ampliar o volume de recursos disponíveis na economia. Os membros também reafirmaram a importância do cumprimento das metas fiscais para a reancoragem de expectativas.
Diante desses apontamentos, as projeções de inflação do mercado financeiro apontadas pelo Boletim Focus se situam em 3,81% para 2024 e em 3,5% em 2025 e 2026. A meta é de 3%, com intervalo de 1,5 ponto percentual. Embora estejam dentro da tolerância, os números permanecem acima do centro, razão pela qual o Copom mostra-se resiliente em acelerar o ritmo de cortes para 0,75 ponto percentual, conforme desejado por alguns agentes econômicos.